Eu amo essa menina estranha e sem jeito - Prazer, Saierrot

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Eu amo essa menina estranha e sem jeito


Ela sempre teve esse jeito meio estranho, sabe? Gosta de silêncio, mas é mais barulhenta que um caminhão. Tá sempre implorando por sossego, apesar de ser um furacão escala cinco, faz a maior bagunça e confusão por onde passa. Ela inventa histórias jurando que não passa de coadjuvante, mas todos ao redor sabem que ela é e sempre foi protagonista. 

Eu nunca quis entender um lado dela que ela jamais quis me explicar, respeitei o espaço que ela nunca verbalizou que queria, mas na testa dela já tava escrito. Me virei do avesso pra não ultrapassar os limites que ela impôs pra que eu de maneira nenhuma descobrisse mais do que deveria, senti que devia isso à ela.

É que ela é dessas meninas que revira o nosso mundo e a gente quer sempre mais e mais e, sem perceber, deixamos ela à vontade no próprio espaço, esperando que ela nos permita chegar mais perto. Ela é que dá as ordens por aqui, mesmo sem saber.  

Ela mantém um mistério nos olhos, que é um charme pra mim. Por mais eu que me aproxime e descubra mais sobre quem ela é, do que é feita e no que acredita, a cortina do mistério está sempre cobrindo a verdadeira cor dos olhos dela. E se você quer mesmo saber, eu sempre adorei não saber de nada porque não há coisa melhor do que vê-la desvendando detalhes sem perceber, animada. É delicioso vê-la se despir, de corpo e alma, por vontade própria, apenas por necessidade de ser ela. 

Aos poucos, descobri que ela dorme de meias e muito bem agasalhada mesmo sonhando em morar em um país que é frio praticamente em todas as estações. Ela tem um cheiro frutado tão gostoso, mas adora e prefere aromas amadeirados ou de flores. Eu descobri, sem querer, que ela anda de pijama em casa sem se importar com as visitas, mas morre de vergonha se alguém elogia uma de suas conquistas. 

Ela é estranha e eu adoro isso. Adoro que ela não se disfarça, não se esconde. 

Eu percebo suas nuances desde sempre, mas nunca falo nada. Admiro sua estranheza de longe, sem deixá-la perceber. Todos os dias, ando embriagado de paixão porque é impossível não tomar minha dose dela. Eu amo essa menina estranha e sem jeito em silêncio e ando contando isso pra ela em meus bilhetes anônimos e flores sem remetente.

Ela não percebe porque é dispersa demais. Nunca me sentiu porque sente demais e nunca me viu porque não olha muito ao seu redor, o importante está ao seu lado e dentro dos seus livros. Ela nunca segurou a minha mão porque não a estendi e nunca me descobre porque não sou corajoso o suficiente pra olhar o mistério dos seus olhos e deixar que ela desvende o meu coração. 

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